A sensação de "ser" um personagem em um jogo ou uma brincadeira talvez seja o mais próximo que eu tenha conseguido chegar do entendimento de um símbolo religioso.
A hóstia consagrada é, segundo a religião, o corpo de Cristo, mas nossa mente moderna só consegue concebê-la como sendo uma representação do corpo de Cristo. Da mesma forma outras culturas e outras religiões têm símbolos parecidos, inclusive nos quais o próprio participante do ritual faz o papel de um deus ou de qualquer coisa parecida.
"Faz o papel" é de novo a interpretação da mente moderna. O sujeito ali é a coisa, mas ele ao mesmo tempo que é também sabe que não é, que continua sendo ele mesmo.
Nos jogos de videogame e brincadeiras infantis em que se encarna um personagem o jogador é o personagem. não se diz, entre os jogadores, que alguém está "encenando", mas que ele é e pronto. nem há outra denominação ou outro verbo. No máximo "encarnando", mas já aí já é vocabulário jornalístico feito para facilitar a compreensão de quem está de fora do jogo.