A violência é uma forma de comunicação: um serial killer, um pai que bate no filho, uma briga de torcidas, uma sessão de tortura, uma guerra, um assassinato passional, uma briga de bar. Em todos esses se pode enxergar uma mensagem que está tentando ser transmitida, que não foi compreendida pelo outro lado, que não pôde ser expressa, e, quando o transmissor da mensagem sentiu que não podia ser totalmente compreendido em palavras, usou essa outra forma de comunicação.
Quando uma ofensa em um bar descamba para uma briga, por exemplo, o que há é claramente uma tentativa de uma ofensa maior ainda pelo lado do que iniciou a primeira, a briga não teria acontecido se ele a tivesse conseguido expressar em palavras tão claras que toda a audiência de bêbados compreendesse, o que estaria além dos limites da linguagem, naquele caso, o soco com o mão direita foi mais eficiente. Poderia ser também a defesa argumentativa: "eu não sou um covarde como você está dizendo" -- mas o bar não acreditaria nessa frase solta, a comunicação não teria obtido o sucesso desejado.
A explicação para o fato da redução da violência à medida em que houve progresso da civilização está na melhora da eficiência da comunicação humana: a escrita, o refinamento da expressão lingüística, o aumento do alcance da palavra falada com rádio, a televisão e a internet.
Se essa eficiência diminuir, porque não há mais acordo quanto ao significado das palavras, porque as pessoas não estão nem aí para se o que escrevem é bom ou não, ou porque são incapazes de compreender qualquer coisa, deve aumentar proporcionalmente a violência.